quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sopa de Feijão com Couve



Em um  tacho  (tradicionalmente fazia-se numa  panela  de barro) com feijão-vermelho previamente cozido a que se junta couve cortada e água suficiente para cozer. Depois de cozida a couve, vai tudo a escaldar fatias finas de pão duro, temperando-se por cima com  azeite  cru. 
Pode juntar-se um ramo de coentros picados ou uns raminhos de hortelã, ou ambos.

Serve-se acompanhada de sardinhas ou, de preferência, petingas fritas ou assadas ou carapaus fritos e azeitonas pretas. 
in «Coruche à Mesa e outros Manjares», por José Labaredas
Leia o " Jornal Lezírias" (link)

Leia o "LÉ" e fique a saber o que vai por Coruche.

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Coruche , e a sua História


                A povoação de Coruche, de que não se conhece a origem com segurança, existe desde época muito remota, havendo achados vários que atestam a presença humana desde o Paleolítico.
               Situada na encosta sobranceira à margem direita do Rio Sorraia, conheceu outrora a existência de uma fortificação no cimo do monte, que os árabes arrasaram em 1180, não mais se reconstruindo.
                Coruche foi conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques em 1166 e doada pelo rei à ordem de Aviz 10 anos depois. O mesmo monarca concede-lhe foral em 26 de Maio de 1182.O Concelho de Coruche, com uma população aproximada de 28.000 habitantes possui a sua maior riqueza na agricultura, onde labora 44% da sua população activa.
             Na pujante e fertilíssima campina do Vale do Sorraia desenvolve-se intensa actividade agrícola e pecuária, sendo a charneca coruchense constituída, em grande parte, por montado de sobro, que torna Coruche o primeiro produtor mundial de cortiça a nível concelhio.
              O Concelho possui alguma indústria, com especial relevância para a transformação dos produtos agrícolas, sendo a Zona Industrial do Monte da Barca um factor importante no desenvolvimento económico local.
in "Roteiro Turístico", Região de Turismo do Ribatejo
                A história de Coruche, perdida no tempo, remontando à Era da dominação romana, está intimamente ligada à AGRICULTURA, característica que a continua a acompanhar. Segundo o "Estudo Histórico de Coruche", a origem de Coruche remonta à época de pacificação das zonas conquistadas pelos romanos, direccionadas para as regiões mais ricas do ponto de vista agrícola.
                Temos assim Coruche fundada pacificamente, por circunstâncias económicas. Esta região possui ainda hoje vestígios de diversas e importantes obras de engenharia hidráulica romana. À altura, as principais produções agrícolas eram os cereais, o azeite, a bolota, a figueira e a vinha.
                Ainda da época romana nos vêem os latifúndios que geraram importantes centros de exploração agrária, dando origem a importantes aglomerados populacionais em todo o concelho: "A vila de Coruche não conserva quaisquer características medievais. Possui, sim, as características dos povoados ribatejanos não fortificados, os quais se alongam junto de um rio ou de uma estrada, indiferentes à urbanização, procurando antes a facilidade de uma rápida comunicação com o exterior para fins comerciais e agrícolas"(1).
                Sobre a dominação árabe poucos documentos existem. Coruche é tido como um local de puro interesse estratégico na defesa e ataque de Santarém pelos mouros, e não como local cobiçável pela sua possível riqueza.
                Aí permaneceu fixa uma população entregue à lavoura e à exploração da terra arável. Em 1176 foi Coruche doada por D. Afonso I à Milícia da Ordem de S. Bento de Évora (mais tarde Ordem de Avis), com o seu castelo. Ficava, assim, Santarém defendida por uma linha avançada e a reconquista avançando para terras do Alentejo.
              O foral de concelho foi-lhe dado pelo mesmo monarca em 1182, com o consequente aumento populacional e desenvolvimento comercial e agrícola. Privilégios e concessões sucessivas dos poderes temporais e religiosos foram atraindo a esta região um grande número de "colonos". A essa altura desfrutava também esta região de uma importante localização, no cruzamento de caminhos para Évora, Santarém, Badajoz, Sevilha e Alcácer.
                Em consequência da Lei das Sesmarias, em 1429 é criado o concelho de Erra que, tendo atingido o seu auge no inicio do séc. XVI, decaiu pouco tempo depois por não possuir vitalidade própria nem economia minimamente auto-suficiente. Os lugares de Couço, Pêso, Santana do Mato e Santa Justa foram também importantes localidades de origem e sobrevivência rurais do séc. XVIII.
                Temos assim uma região cuja história, povoamento e determinante económica, foram profundamente marcadas pelas intenções de povoamento dos nossos primeiros reis, pelos aforamentos, pelas dádivas de terras, pela Lei das Sesmarias. Os séculos XVI, XVII e XVIII foram épocas de grande importância económica da região, que chegou a ser a primeira a nível nacional no fabrico de cortiça e de vinho. Este desenvolvimento prova-se ainda pela importância do comércio, que, à altura, beneficiava de boa navegabilidade do Sorraia onde se localizavam importantes portos.
                O grande incremento da agricultura desta região e a ausência de investimentos a nível industrial, a existência de grandes latifúndios baseados essencialmente na produção de cortiça, vieram a determinar a chegada de Coruche à 2ª metade do séc. XX - em que estamos - reduzidas à sua condição de dependente da agricultura e da terra.
                À semelhança do seu "co-progenitor" Alentejo, a história mais recente de Coruche é a história da luta do povo rural pela sua sobrevivência... é a história da recente Reforma Agrária.

(1) Ribeiro, Margarida - "Estudo Histórico de Coruche", Câmara Municipal de Coruche, 1959in DIAGNÓSTICO SÓCIO-CULTURAL DO DISTRITO DE SANTARÉM - ESTUDO 1, Santarém, 1985, pág. 272-273.